Amargo despertar
É sexta- feira e o despertador toca, Ana com os olhos ainda fechados desliga-o, senta-se na cama.
Mais tarde a comer a torrada e a beber o café, pensa que precisa mudar a rotina, está farta do emprego, numa loja de artigos baratos.
Vive com a mãe, já idosa, não tem estudos nem grandes opções.
Sabe que tem de manter o emprego, acaba de se arranjar e sai, o dia está cinzento, assim como a alma.
Respira fundo e segue a pé até ao trabalho, 45 minutos a pé, todos os dias, de manhã e ao fim do dia, não compra passe, o dinheiro faz falta para coisas mais importantes.
Passa pelo quiosque e joga no euro-milhões, 2 euros que lhe vão fazer falta, mas sentiu que devia, como dizia a colega no trabalho era uma fé, Ana não tinha fé, mas jogou assim mesmo.
Depois de um dia de trabalho extenuante, sem ânimo e cansada Ana ruma a casa, ainda tem de fazer o jantar e arrumar a cozinha antes de poder se deitar.
No fim de jantar ouve os números do euro-milhões, vai buscar o talão e a tremer verifica os números.
É sábado, Ana pode dormir mais um pouco, depois tem compras para fazer, casa para arrumar, dar banho à mãe e ainda ir fazer uma limpeza na casa de uma vizinha.
Nada mudou, os dias continuam iguais. Com ou sem fé.